Cadernos de Linguística – Chamada de trabalhos para um número temático

Tema: A Diacronia das Línguas Ibero-Românicas

 

Cadernos de Linguística

 

A DIACRONIA DAS LÍNGUAS IBERO-ROMÂNICAS

 

Chamada de trabalhos para um número temático

Tema:
A Diacronia das Línguas Ibero-Românicas: entre os Pressupostos Teórico-Metodológicos e a Descrição Linguística

Editor:
Paulo Osório

Sinopse:
Diversos investigadores têm dedicado os seus estudos à questão central deste número temático (entre outros, Cardeira, 2005; Castro, 2006; Maia, 1986; Mattos e Silva, 1989, 1991, 1994, 2004; Osório, 2002), sendo todos eles consensuais ao considerarem que a Mudança Linguística é o objeto da Linguística Histórica, que, segundo Coseriu (1978), tem por fatores motivadores fenómenos internos e externos, que são encarados com perspetivas diferenciadas pelas várias teorias e escolas linguísticas. Neste sentido, este número temático aceita trabalhos que discutam diferentes teorias e metodologias aplicáveis à Linguística Histórica, nomeadamente no que respeita à identificação das teorias, fontes e métodos da área; ao reconhecimento da complementaridade de métodos sincrónicos e diacrónicos; às contribuições das ciências históricas e das ciências sociais e humanas para o estudo da Mudança; à reflexão sobre a importância da constituição e tratamento de corpora, permitindo caracterizar qualquer período de fases pretéritas da língua, entre outros.
No entanto, este volume também se abre à descrição, sob o ponto de vista diacrónico, de fenómenos linguísticos das línguas ibero-românicas, com vista à identificação das alterações linguísticas desde o latim e da sua diferenciação em contexto hispânico até à caracterização dos fatores intervenientes na formação destas línguas. A descrição linguística destas línguas reveste-se da maior importância, uma vez que a sua génese e a sua história marcam os rumos atuais das mesmas. Muito proveitoso seria o surgimento de contributos que as pudessem comparar no que à sua evolução histórica diz respeito, marcando os fatores que permitem atualmente estabelecer a sua diferenciação linguística. No que concerne ao galego-português, por exemplo, surgido entre os séculos IX a XII, foram fatores decisivos da sua especificidade, entre outros, o isolamento dos falares do Noroeste da Península, tanto em relação ao leste (as zonas do leonês e do castelhano), como ao sul, onde se usavam dialetos lusitano-moçárabes, falados para além de uma fronteira, difícil de delimitar, situada algures entre o Douro e o Mondego, talvez definida pelo vale do Vouga. Acresce, a título ilustrativo, que dentro das línguas ibero-românicas, o galego-português é a mais ocidental, a mais conservadora e, talvez, a mais típica (Riiho, 1994: 498), em virtude de o castelhano, originário de uma região só, superficialmente romanizada, nas imediações do País Basco, ter algumas estruturas de carácter excecional e o catalão, por sua vez, já estar muito próximo das línguas galo-românicas. Devido às inovações do castelhano, porém, e ao seu maior afastamento do latim, daí resultante, o português acaba por ter mais afinidades fónicas com o catalão (Vide Riiho, 1994: 498).

 

Referências:

CARDEIRA, Esperança – Entre o Português Antigo e o Português Clássico. Lisboa (Imprensa Nacional-Casa da Moeda), 2005.
CASTRO, Ivo – Introdução à história do português. Segunda edição revista e muito ampliada. Lisboa (Colibri), 2006.
COSERIU, Eugenio – Sincronía, diacronía e historia. El problema del cambio lingüístico. 3ª edição, Madrid (Editorial Gredos), 1978.
MAIA, Clarinda de Azevedo – História do galego-português. Estado linguístico da Galiza e do Noroeste de Portugal desde o século XIII ao século XVI. (Com referência à situação do galego moderno). Coimbra (Instituto Nacional de Investigação Científica), 1986.
MATTOS e SILVA – O português arcaico. Morfologia e sintaxe. Bahia (Editora Contexto), 1994.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia – Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. São Paulo (Parábola Editorial), 2004.
MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia – Estruturas trecentistas. Elementos para uma gramática do português arcaico. Lisboa (Imprensa Nacional – Casa da Moeda), 1989.
MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia – O português arcaico. Fonologia. Bahia (Editora Contexto), 1991.
OSÓRIO, Paulo – Contributos para uma caracterização sintáctico-semântica do português arcaico médio. Covilhã (Universidade da Beira Interior Editora), 2004.
RIIHO, Timo – “Portugiesisch: Interne Sprachgeschichte und Entwicklungstendenzen”. In: LRL, VI, 2, 1994, pp. 498-511.

 

Calendarização:

1. Seminário com a apresentação de trabalhos: 7 de setembro de 2023

2. Submissão dos textos à Revista: 15 de novembro de 2023

 

Pareceristas:

Afranio Gonçalves Barbosa – Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Alexandra Fiéis – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Ana María García Martín – Faculdade de Filologia da Universidade de Salamanca
Carmen Gouveia – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Célia Lopes – Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Clara Barros – Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Esperança Cardeira – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Izete Lehmkuhl Coelho – Universidade Federal de Santa Catarina
João Paulo Silvestre – Universidade de Aveiro
João Veloso – Faculdade de Letras da Universidade de Macau e Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Juanito Avelar – Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP
Marco Martins – Universidade Federal de Santa Catarina
Maria Antonieta Cohen – Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais
Natival Simões Neto – Universidade Estadual de Feira de Santana
Ramón Mariño Paz – Instituto de Língua Galega e Universidade de Santiago de Compostela

 

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Publicado: 13/4/23

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