Tendo em vista as mudanças por que tem passado o português brasileiro (PB), no que se refere à marcação do Parâmetro do Sujeito Nulo, investigo as sentenças existenciais com os verbos haver e ter nesta variedade do português (PB) e também na variedade européia, como se vê em (1 e (2).
(1) Há um banco na esquina da minha casa.
(2) Tem um banco na esquina da minha casa.
Numa primeira análise, mostro como a substituição de haver por ter nesse tipo de estrutura tem relação com a perda da capacidade de o sistema do PB licenciar/identificar uma categoria vazia na posição estrutural de sujeito, o que não se verifica no português europeu (PE). Isso teria sido responsável por uma mudança categorial no verbo haver, que teria passado a integrar estruturas específicas.
Numa segunda etapa, investigo a emergência de sentenças no PB em que a posição estrutural de sujeito de ter existencial aparece preenchida por um DP, compondo um tipo particular de sentença, a que chamo sentenças existenciais de tópico-sujeito, agramatical no PE, como se vê em (3) e (4).
(3) Minha casa tem uma banco na esquina.
(4) Você tem uma banco na esquina da minha casa.
Associo essa nova possibilidade de padrão sentencial no PB a possibilidade de o sistema ter passado a contar com a operação concordância com um tópico não-argumental, à semelhança do que se vê em (5).
(5) O relógio quebrou o ponteiro.
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