O objetivo deste trabalho é identificar as construções de tópicos nas variantes culta e popular da cidade de Feira para conhecer as diferenças sintáticas e discursivas entre as duas variedades do português brasileiro desta localidade. A escolha dessa cidade se deu pelo fato de que ainda não há nenhum trabalho sistematizado sobre o assunto para essa área da Bahia e por ela exercer “influência cultural, econômica e linguística sobre diversas microrregiões do semiárido baiano” (ALMEIDA, 2005). O corpus utilizado para realização da pesquisa será o da língua portuguesa falada no semiárido baiano, constituído pelas pesquisadoras Norma Lucia Fernandes de Almeida e Zenaide de Oliveira Novais Carneiro e está publicado em CD-ROM. Para a análise dos dados, serão adotadas duas perspectivas teóricas: i) a da sociolinguística variacionista (LABOV, 2008 [1972]), para que se possa identificar se há diferenças entre as variedades culta e popular; e ii) a da gerativa (KATO, 1989; GALVES, 1998, 2001; ARAÚJO, 2006; RIZZI, 1997, 2002), para fundamentar os parâmetros relacionados ao português brasileiro em relação às construções de tópico. Tomando-se como base os trabalhos desenvolvidos na área, que consideram o português brasileiro como uma língua de proeminência de tópico, as análises preliminares realizadas nesta pesquisa parecem não confirmar as tendências dessa variedade do português, embora revelem o apoio à estrutura da informação, a depender dos dados contextuais (cf. LAMBRECHT, 1996), com posições na estrutura frasal que indicam a construção de um parâmetro dentro dessa variedade. Até o momento, os dados parecem evidenciar que o português brasileiro segue a classificação proposta por Pontes (1986): a de ser uma língua de proeminência de tópico e de sujeito.
|