P3. História do português brasileiro - desde a Europa até a América  (Comunicações dentro de Projetos)

O “LIVRO DE RAZÃO" DO ARQUIVO DO SOBRADO DO BREJO: TESTEMUNHO HISTÓRICO-LINGUÍSTICO DO SERTÃO DA BAHIA NOS SÉCULOS XVIII E XIX
MARIANA FAGUNDES DE OLIVEIRA LACERDA 1
1. UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana
marianafag@gmail.com



Este trabalho se insere na Linguística Histórica, de forma particular na linha História da Cultura Escrita no Brasil, tratando, especificamente, no âmbito da reconstrução sócio-histórica do português brasileiro, a história de penetração e difusão da escrita na Bahia. Numa dimensão histórica, fazendo uma abordagem da história cultural no domínio da história da cultura escrita (CASTILLO GOMÉZ, 2003), tratamos, neste trabalho, do campo 3, escritas ordinárias e de foro privado na história do Brasil, do conjunto de campos de investigação apresentado por Lobo e Oliveira (2012) no Programa de Investigação História da Cultura Escrita no Brasil (HISCULTE/UFBA), que focaliza a quarta via de investigação apontada por Houaiss (1985), a penetração da língua escrita no Brasil. Abordamos aqui um documento de foro privado, o "Livro de Razão" do Brejo do Campo Seco, no sertão da Bahia, escrito por três gerações de brasileiros, do último quartel do século XVIII ao terceiro quartel do século XIX; trata-se de um documento altamente relevante, que nos chega às mãos por meio da leitura e análise de Santos Filho (1956). Nesta oportunidade, apresentaremos a descrição extrínseca e intrínseca do livro, que tem 195 folhas, com registros dos negócios da fazenda e outros; a caracterização sócio-histórica da fazenda do Brejo do Campo Seco, uma fazenda de criação da família Pinheiro Canguçu, na região da Serra Geral; a caracterização sociocultural dos escreventes: os brasileiros, de pouca instrução, Antonio Pinheiro Pinto, da pequena burguesia, Inocêncio Pinheiro Canguçu, seu filho, e, genro deste, Miguel Joaquim de Castro Mirante, bem como parte da edição fac-similar e semidiplomática do livro, que já estamos fazendo (segundo critérios do PHPB). Na última fase da pesquisa, faremos a medição de letramento dos escreventes, estudando aspectos mórficos da escrita, numa análise qualitativa (MARQUILHAS, 2000).


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