ASPECTOS FONOLÓGICOS DE LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS Nesta sessão, com três comunicações, serão tratados aspectos fonológicos de línguas indígenas brasileiras que merecem uma atenção especial e trazem contribuições para o conhecimento dos universais linguísticos. Os trabalhos a serem apresentados enfocarão questões tais como a complexidade de grupos consonantais decorrentes de apagamento de vogais e o âmbito da nasalidade. A metodologia utilizada nas análises recorre à comparação entre línguas e às evidências trazidas pela análise acústica. Resumo #1REVISÃO DA ANÁLISE DA NASALIDADE EM MATIS O presente trabalho trata de retomar a questão da nasalidade apresentada por Spanghero (2005) na língua Matis. Esta língua pertence à família lingüística Pano, e é falada aproximadamente por 350 pessoas, no estado do Amazonas. No sistema fonológico encontra-se 12 consoantes e 6 vogais, que compõem a estrutura silábica CVC. Nesta língua a nasalidade merece atenção, com bases na proposta de Piggott (1992) que distingue dois padrões principais no funcionamento da nasalidade nas línguas naturais. No padrão A, cujo foco é de nosso interesse, há contraste subjacente entre a série de oclusivas sonoras e a série de consoantes nasais. Os princípios que explicam o processo de nasalização em Matis estão relacionados à direcionalidade e à localidade. Buscamos comparar tal ocorrência com as outras línguas da família, mas particularmente com a língua Capanahua que há um interessante processo de espalhamento da nasal apresentado por Safir (1982). Palavras-chave: Fonologia. Nasalidade. Direcionalidade. Língua Matis. Resumo #2NASALIDADE EM TERENA (ARAWAK): APONTAMENTOS Este trabalho tem o objetivo de promover uma discussão com relação à nasalidade em primeira pessoa ocorrida em Terena, língua da família Arawak. A princípio temos duas propostas a discutir: a de Bendor-Samuel (1961) e a de Piggott (2000). Entendemos que a proposta de Piggott é a mais adequada a partir de uma análise prévia. Nossa pesquisa tem como base a análise acústica de dados coletados em campo para, de fato, podermos traçar uma linha comportamental da língua neste aspecto. Outro processo que nos chama a atenção é a conjugação de itens emprestados da língua portuguesa, bem como de itens que uma vez adaptados a esta língua, surgem pré-nasalizados. Palavras-chave: Nasalidade. Fonologia. Arawak. Terena. Resumo #3GRUPOS CONSONÂNTICOS EM AKWẼ-XERENTE (JÊ) O presente trabalho discute a questão da interpretação fonológica dos grupos consonânticos em Akwẽ-Xerente, dentro do quadro teórico da fonologia autossegmental, considerando também contribuições do exame acústico dos dados. A língua Akwẽ-Xerente exibida na expressão oral dos seus falantes modernos apresenta uma série de sequências consonantais que se constituem num desafio à análise e ao delineamento da estrutura silábica padrão da língua. A identificação dos tipos de segmentos ou sequências que preenchem as partes estruturais da sílaba é fundamental para a verificação das possibilidades de agrupamento dessas consoantes, da existência de restrições posicionais e da ocorrência de reorganização dos elementos em determinados contextos. Entre as possibilidades de descrição de algumas dessas sequências consonantais do Akwẽ-Xerente, está a hipótese de que se constituam em um segmento duplamente articulado, na concepção que lhe atribuem Ladefoged e Maddieson (1996), um único elemento que em sua realização apresenta duas articulações de mesma natureza, oclusiva, nasal ou fricativa. Com base nos estudos descritivos desses autores e ainda nos critérios fonético-acústicos por eles apontados para definir esse tipo de segmento, foi possível testar a hipótese levantada e reunir argumentos indicativos da não ocorrência da dupla articulação na língua Akwẽ-Xerente. Outrossim destacam-se, neste tipo de estudo, a utilidade e a importância do uso de ferramentas de análise acústica, que permitam o exame e a evidenciação de qualidades físicas dos segmentos em estudo, tais como sua duração, fronteiras e perfil formântico, entre outras características que possibilitam uma melhor descrição dos elementos observados. Palavras-chave: Fonética. Sequências consonantais. Dupla articulação. Akwẽ-Xerente. | |
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