P3. História do português brasileiro - desde a Europa até a América  (Comunicações dentro de Projetos)

APORTES DAS FONTES DA PRIMEIRA VISITAÇÃO DO SANTO OFÍCIO PARA UMA HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL
TÂNIA CONCEIÇÃO FREIRE LOBO 1
1. ILUFBA - INSTITUTO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
tanlobo@gmail.com



A justiça inquisitorial foi exercida por dois modos: o estável – vinculado às sedes dos tribunais – e o ambulante – derivado das visitações dos inquisidores a pontos diversos do território sob sua jurisdição. Na América Portuguesa, vingou o modo ambulante, tendo o Santo Ofício empreendido visitações ao Brasil. Da primeira visitação, realizada no século XVI à Bahia e a Pernambuco, resultaram 9 livros, estando os remanescentes no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Analisando o conjunto de depoimentos prestados e assinados constantes dos livros referentes à Bahia e a Pernambuco, este estudo tem dois objetivos: 1) o de discutir aspectos censitários da alfabetização na Bahia e em Pernambuco, as duas principais capitanias; 2) o de aferir os resultados obtidos aos analisados por outros autores, atendendo ao requisito estabelecido por Rita Marquilhas (2000) de privilegiar o viés comparativo da análise e “respeitar os estudos feitos para realidades social, geográfica e cronologicamente vizinhas da que se pretende estudar.” Precederá a apresentação dos resultados uma reflexão crítica sobre o conjunto de edições dos diversos livros até então localizadas. Tal reflexão visa a apontar problemas de ordem filológica que, afetando as edições, afetam análises que se façam a partir das edições disponíveis e que não levem em conta o manuscrito original. Busca-se, assim, justificar a necessidade de uma edição filologicamente sustentada de todo o conjunto documental produzido pelo Santo Ofício na sua primeira visitação ao Brasil. A análise dos dados contemplará o seguinte conjunto de variáveis: ser o confitente/depoente homem ou mulher, a sua faixa etária, a sua condição religiosa (basicamente opondo cristãos-velhos a cristãos-novos), o local de origem do confitente/depoente (basicamente opondo portugueses a brasileiros) e, finalmente, o seu estrato sócio-ocupacional.


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