O objetivo deste trabalho é compreender semioticamente os desafios interpretativos que estão em jogo no ato de realizar uma pesquisa em um buscador on-line. Independentemente do buscador em questão, chamamos essa prática semiótica correntemente de “googlar”, termo definido no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora como “pesquisar (palavra, expressão) na internet utilizando o motor de busca Google”. O uso de buscadores on-line instaura práticas de seleção, interpretação e apropriação que se constroem no próprio ato de leitura dos resultados obtidos, tendo como guia a motivação e a finalidade do sujeito operador e sua competência para distinguir diferentes modos de enunciação e de veridicção, elementos primordiais na leitura do enunciado. Muitas vezes, ao invés de recorrer a dicionários e a enciclopédias ou, ainda, a uma publicação de caráter científico ou jornalístico, lançamos mão de um buscador on-line, “jogamos no Google”, essa ferramenta de pesquisa que se tornou sinônimo de buscador, e temos acesso a dicionários, a enciclopédias e a produtos científicos e jornalísticos, é certo, mas também a sítios institucionais e pessoais, a fóruns e a conteúdos de redes sociais. Para tanto, estabelecemos um córpus de média extensão seguindo um critério estrito na reunião do material a ser analisado: compilamos textos jornalísticos e institucionais publicados na internet no período de 2010 a 2013, escolhidos entre as 20 primeiras entradas que o buscador Google apresentou-nos em uma pesquisa em língua portuguesa sobre o lexema “workaholic”. Esse método pouco canônico de constituição de córpus emula o modo de conhecimento do leitor comum que consulta a internet e que tem nas ferramentas de busca o guia que lhe dá acesso, quase sempre, ao que procura. Para o semioticista, essa é uma forma privilegiada de buscar a opinião onde ela se encontra, ou melhor, de buscar o homem por meio de sua busca.
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