O estatuto dos classificadores (CLs) nas línguas de sinais ainda é um assunto bastante discutido na literatura. Por um lado, há autores que consideram CLs como gestos (COGILL-KOEZ, 2000) ou como uma combinação de componentes linguísticos e gestuais (LIDDELL, 2003, p.261-316). Por outro lado, há autores que tratam CLs como morfemas, como Supalla (1978, 1982, 1986) que apresenta substantivos CLs em construções com verbos de movimento ou localização e considera que esse tipo de verbo é formado por morfemas que às vezes são transparentemente relacionados com seu significado (de forma icônica) e tendem a ser combinados simultaneamente. O autor assume que a raiz dos verbos de movimento da ASL é um movimento (M), dentre poucos Ms possíveis. Esses verbos contêm morfemas CLs, que geralmente são CMs localizadas no caminho do M. Na Libras, Ferreira-Brito (1995) faz uma descrição geral dos CLs e aponta que eles podem figurar como argumentos na posição de sujeito ou objeto. Já Veloso (2005) discute que os CLs do tipo “ser objeto” aparecem com predicados que contém argumentos internos (AIs), inacusativos, bem como CLs do tipo de manuseio, que também se referem à AIs.
Neste trabalho, adotamos as ideias de que CLs são estruturas morfologicamente complexas. Com base em Benedicto & Brentari (2003), que analisam alternâncias na estrutura argumental da ASL em construções CLs, e Veloso (2005), este trabalho visa investigar a forma como os CLs participam nas alternâncias de estrutura argumental da Libras, transitiva-intransitiva. Com isso, podemos observar tipos diferentes de CLs, como aqueles descritos em Supalla (1986), figurando nessas alternâncias. Para tanto, coletamos dados em contexto natural, e usamos o ELAN para a observação minuciosa desses dados. O estudo da estrutura argumental e a investigação da participação dos CLs nas alternâncias colaboram para um conhecimento mais profundo da morfossintaxe da libras.
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