Van Gompel, Liversedge e Pearson (2004) propõem que o processamento de sintagmas nominais anafóricos se realiza em dois estágios: um estágio inicial, durante a leitura do sintagma nominal (Teoria da Sobreposição Semântica, Garrod e Sanford (1977)) e um estágio final, durante a leitura da região do spillover (Hipótese da Carga Informacional, Almor (1999)). Para chegar à conclusão sobre os dois estágios, os autores analisaram o efeito da tipicidade do antecedente em foco e fora de foco com o objetivo de integrar os resultados de Almor (1999) e de Garrod e Sanford (1977) em uma única teoria. Para contribuir e ampliar esta discussão, testamos a natureza da tipicidade do antecedente e a posição estrutural do sintagma nominal anafórico em um experimento de rastreamento ocular. Manipulamos (i) a relação semântica entre antecedente e anáfora, variando entre hiponímia e hiperonímia, e (ii) a posição estrutural dos sintagmas co-indexados, variando entre sujeito e objeto. Predizemos que haveria menor custo de processamento nas retomadas realizadas por hiperonímia, independentemente da posição sintática dos elementos correferentes. Testamos vinte participantes com visão normal e com média de idade de 24 anos. As frases experimentais foram distribuídas em quatro diferentes listas de estímulos compostas por 8 frases experimentais entre 24 distratoras. Os testes foram gravados em um rastreador ocular Tobii T120. A análise do tempo total de leitura revelou que a correferência nos casos de hiperonímia na posição de sujeito é em torno de 10% mais rápida do que no caso de hiponímia, corroborando achados prévios de Leitão (2005). Ao analisar as condições e regiões da frase, constatamos que a condição de hipônimo é constantemente mais custosa, inclusive na região do spillover, o que se alinha aos achados de Van Gompel, Liversedge e Pearson, 2004 sobre a resolução anafórica em dois estágios.
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