Este trabalho tem o objetivo de analisar como a voz ativa revela/contribui na constituição interacional em resenhas produzidas por licenciandos em Educação do Campo (UnB) em sala de aula. Para tanto, esta pesquisa encontra-se fundamentada, principalmente, na Sociolinguística Interacional (GOFFMAN, 1959, 1998, 1999; GUMPERZ, 1982; HYMES, 1974) justamente por esta área da Linguística reconhecer e vislumbrar a intrínseca relação entre estruturas linguísticas - neste caso, a voz ativa - e interação entre pessoas considerando as redes sociais (CALVET, 2002). Isso significa que a voz ativa, que é não-marcada no português, auxilia na materialização sintático-semântica da interação. Além desses espectros e pelo fato das resenhas terem sido escritas por licenciandos em Educação do Campo, que vivem em territórios campesinos, utilizaremos também no momento de análise as relações entre língua, povo e território propostas pela Ecolinguística (COUTO, 2007) e os princípios da Educação do Campo (MOLINA & SÁ, 2011; CALDART, 2012). Cumpre dizer que as configurações estruturais, discursivas e interacionais do gênero textual resenha também serão consideradas neste estudo. Como metodologia, adotou-se a Etnografia Educacional, por esta levar em consideração o ambiente de interação da sala de aula (BORTONI-RICARDO, 2004, 2005). Na interação face a face, constatou-se que muitos desses estudantes apresentam dificuldades no domínio estrutural de alguns gêneros formais do ambiente acadêmico, como a resenha - apesar de possuirem uma boa e adequada argumentação oral. Tal fato revela o reflexo das vivências sociais em que estão inseridos, pois os licenciandos analisados são oriundos de comunidades essencialmente de tradição oral. Logo, ao desenvolver suas habilidades em classe, foram contemplados na pesquisa e nas aulas, além do gênero formal acadêmico resenha, o continuum oralidade-escrita (BORTONI-RICARDO, 2005) que permeia as experiências de vida e os conhecimentos pedagógicos/acadêmicos dos estudantes em questão.
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