Este estudo situa-se na área da Análise do Discurso e tem por tema o discurso literário. Propõe tratá-lo como forma de representação cultural e ideológica dos diferentes grupos sociais por ele referidos. Objetiva discutir a importância da produção literária, da primeira fase do modernismo brasileiro, na construção da identidade brasileira e sua identificação cultural. Foi selecionado um conto da primeira metade do século XX, a fim de verificar como estão manifestadas em língua a ideologia e a cultura da época e dos grupos sociais nele representados. Fundamenta-se na Análise Crítica do Discurso, com vertente sócio-cognitiva, pela linha proposta por Van Dijk (1998, 2000, 2013). Por essa perspectiva, a concepção de discurso se remete à noção de prática de interação social, definida pela seleção de determinados papéis representados pelas pessoas discursivas que estão em constante interação. Tal vertente busca tanto as estruturas do discurso, micro, macro e superestrutura, quanto aspectos da fala, relativos ao que o texto materializa em língua, revelando a inter-relação Sociedade, Discurso e Cognição. A sociedade define-se por um conjunto de grupos sociais em constante conflito, em razão de suas crenças e estas decorrem de conhecimentos avaliativos relativos ao que acontece no mundo. A cognição é definida por um conjunto de conhecimentos construídos socialmente, a partir do ponto de vista do grupo social; estes conhecimentos são, portanto, opiniões, isto é, formas de avaliação do que acontece no mundo, por esta razão, não são objetivamente verificáveis. Os resultados obtidos são prévios e apontam para a necessidade de um olhar diferenciado sobre o discurso da literatura, pelos prismas da cultura, ideologia e identidade, pois esse discurso se faz fundador para a construção da história do homem e da sociedade brasileira e, por essa história, resgatam-se as matrizes culturais que configuram práticas sociais do povo brasileiro, atualizadas em contemporaneidades diversas.
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