Problematizando a noção de gênero em semiótica e tendo como base as reflexões sobre os tipos textuais e discursivos e as práticas semióticas, o objetivo deste trabalho é discutir, de um lado, o estatuto semiótico do comentário on-line na revista Veja, suas estratégias enunciativas e a formas de interação intersubjetiva que convoca, e, de outro, sua relação com outra prática de comentário, a seção de cartas de leitores. Adotamos, assim, uma perspectiva de análise comparativa para observarmos como se dá a prática de comentário no ambiente on-line da revista e como essa mesma prática funciona no suporte impresso, na seção de cartas. Nossa hipótese primeira é a de que embora haja elementos epistolares presentes no comentário on-line, a mudança de suporte impõe também uma mudança no regime prático, distanciando a prática on-line da prática impressa. A segunda hipótese que orienta nossas reflexões é a de que se pode depreender, a partir de cada prática de comentário, uma prática editorial que, também se servindo das potencialidades práticas de cada suporte, rege mais ou menos fortemente os valores que são manifestados pelos leitores. Tendo em vista nossas hipóteses, tomamos como córpus comentários on-line e cartas do leitor que tiveram como estímulo duas entrevistas distintas, mas com o mesmo entrevistado, na busca por uma coerência temática mínima que nos permitisse observar o funcionamento das práticas e dos valores e formas de vida manifestados pelos leitores/comentadores em cada suporte. Trata-se de duas entrevistas dadas por Silas Malafaia: a primeira, à própria revista Veja, publicada em 06 de junho de 2012, cujos comentários foram publicados em 13 de junho, na seção de cartas da revista; e a segunda, à jornalista Marília Gabriela, noticiada pela Veja on-line, em 04 de fevereiro de 2013, no mesmo espaço em que foram tecidos os comentários que são aqui analisados.
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