S6. Filologia e Linguística Histórica  (Comunicações coordenadas)

A DIACRONIA DOS CLÍTICOS PRONOMINAIS NA ESCRITA NORTE-RIO-GRANDENSE
Marco antônio martins(marcoamartins.ufrn@gmail.com)
UFRN - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Focalizamos, nesta sessão coordenada, diferentes fenômenos sintáticos correlacionados ao sistema dos pronomes clíticos no português escrito no Rio Grande do Norte no curso dos séculos XVIII, XIX e XX: (i) acolocação; (ii) o uso do pronome SE em passivas reflexas e impessoais; e (iii) o uso das formas pronominais acusativas de segunda pessoa. O nosso córpus se constitui de cartas particulares e cartas oficiais escritas no RN nesse período, disponibilizadas pelo Projeto de História do Português Brasileiro no Rio Grande do Norte (PHPB-RN). Considerando as mudanças atestadas no sistema dos pronomes por que passou o Português Brasileiro (PB) no curso dos séculos em questão, que se reflete na escrita no Brasil a partir do século XIX, nosso objetivo é descrever os padrões empíricos dos diferentes fenômenos no corpos e correlacionar tais padrões a uma mudança gramatical que está na origem do PB.

Resumo #1

A colocação de clíticos em cartas pessoaisdo Rio Grande do Norte dos séculos XIX e XX
Marco Antonio Martins (marcoamartins.ufrn@gmail.com)

Tomando por base a teoria da variação e mudança ea teoria de Princípios e Parâmetros, numa perspectiva teórica que concilia a gradação empírica observada entre formas em variação em textos escritos e uma interpretação gramatical (estrutural) da mudança sintática (KROCH, 1989), o objetivo desta comunicação é descrever e analisar os padrões de colocação dos pronomes clíticos em cartas pessoais do Rio Grande do Norte dos séculos XIX e XX. Diversos estudos têm mostrado que a sintaxe dos clíticos pronominais na diacronia da escrita brasileira, sobretudo do século XIX, é bastante complexa. Tenho defendido (MARTINS, 2009; 2011, 2012) que os diferentes padrões de colocação dos pronomes clíticos atestados na escrita brasileira instanciam diferentes gramáticas do português e que um contexto sintático significativo para o diagnóstico do processo de mudança que está na origem da gramática do Português Brasileiro (PB) são as orações finitas não dependentes em que o verbo é antecedido por um sujeito não focalizado, um sintagma preposicional ou um advérbio não modal – contexto XV. Considerando esse contexto especificamente, minha hipótese é a de que nas cartas pessoais norte-rio-grandenses encontrarei diferentes padrões associados a diferentes gramáticas do português: do Português Brasileiro (PB), do Português Europeu (PE) e, ainda, do Português Clássico (PC).

Resumo #2

Passiva pronominal e impessoalidade em cartas oficiais do Rio Grande do Norte dos séculos XVIII, XIX e XX
Shirley de Sousa Pereira (shirleype@yahoo.com.br)

No marco da sintaxe diacrônica, este trabalho propõe-se a analisar construções com o pronome se em passivas reflexas e impessoais em Cartas Oficiais do Rio Grande do Norte dos séculos XVIII, XIX e XX, visando descrever algumas de suas principais características, assim como a evolução do seu emprego. As cartas oficiais pertencem ao corpora do Projeto de História do Português Brasileiro no Rio Grande do Norte. Observa-se, sobretudo nas cartas pertencentes ao século XVIII, a predominância de estruturas com se impessoal reflexo, nomeadamente com verbos transitivos e complemento direto inanimado, o que se traduz na expressão de indeterminação do sujeito como forma de impessoalidade semântica, isto é, casos em que o pronome se encobre ou substitui o agente. Este tipo de construção, tão característica das línguas românicas como o português e o espanhol, tem sua origem no latim, com verbos depoentes que expressavam a voz medial, que posteriormente passou a expressar-se através de uma construção de verbo ativo com pronome reflexivo. Por outra parte, a incidência de estruturas passivas e impessoais para contextos específicos pode estar atrelada à própria configuração dos textos formulários da época, como as cartas oficiais. Palavras chave: passiva pronominal, impessoalidade, construções com se, português brasileiro.

Resumo #3

Clíticos acusativos de segunda pessoa em cartas pessoaisdo Rio Grande do Norte dos séculos XIX e XX
Kássia Kamilla de Moura ()

Neste trabalho, investigamos o processo de variação/mudança envolvendo as formas de complemento verbal de segunda pessoa do singular, notadamente as formas acusativas no Português Brasileiro (PB); para isso, consideramos o aporte teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006[1968]; LABOV, 2008 [1972]). A análise procura estabelecer a correlação entre as formas variantes de segunda pessoa na posição de sujeito –TU~ VOCÊ– e as formas de complemento verbal – especificamente as formas acusativas. O material empírico utilizado em nossa análise se constituide uma amostra de cartas pessoais do Rio Grande do Norte dos séculos XIX e XX. Estudos precedentes atestam que, atualmente, o paradigma pronominal do PB parece evidenciar três padrões de uso (ou subsistemas), quais sejam: i) uso exclusivo de tu; ii) uso exclusivo de você e iii) um padrão misto, em que há a alternância TU~ VOCÊ. Considerando que o clítico TE é bastante recorrente no PB – e que, como muitos estudos têm mostrado, esse é um contexto de resistência do pronome TU –, defendemos ahipótese de queno curso dos séculos há uma reestruturação no paradigma pronominal que afeta os traços formais desse clítico. Essa alteração nos traços formais do clítico TEno PB garante a sua permanência nos subsistemas de exclusivo de VOCÊ e de alternância TU ~VOCÊ PALAVRAS-CHAVES:Português Brasileiro; variação/mudança; pronomes pessoais; segunda pessoa; acusativos.


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