Dentre as manifestações culturais que identificam um grupo social e uma época, merecem destaque os brinquedos infantis que se diferenciam segundo o momento histórico, as características do grupo, o espaço geográfico onde se situa o falante. Este trabalho discute as denominações atribuídas a dois tipos de brinquedos muito difundidos entre as crianças, sobretudo do sexo feminino: “brinquedo feito de varetas cobertas de papel que se empina no vento por meio de uma linha” e “brinquedo também feito de papel, mas sem varetas, que se empina ao vento por meio de uma linha”, respectivamente, as perguntas 158 e 159, do Questionário Semântico-Lexical do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Foram analisadas as unidades lexicais mencionadas por 320 habitantes de localidades do interior de 12 Estados da Federação: 6 da região Norte (Amapá, Amazonas, Pará, Acre, Rondônia e Tocantins), 3 do Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás) e 3 do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) que abrigam 80 localidades da rede de pontos do Projeto ALiB. Nas localidades do interior o Projeto ALiB entrevistou 04 informantes, com Ensino Fundamental (completo e/ou incompleto), duas faixas etárias, de ambos os sexos, nascidos e criados na localidade. O estudo tem como objetivos: i) delinear a distribuição diatópica das unidades lexicais analisadas, buscando identificar possíveis isoléxicas nas três regiões geográficas tomadas como espaço de investigação; ii) verificar em que proporção essas isoléxicas demarcam os espaços pertencentes aos falares amazônico (Norte) e aos falares sulistas (Centro-Oeste e Sul), preconizados por Nascentes (1953) e, iii) identificar processos de disseminação e de fixação de variantes lexicais apontadas como denominações dos brinquedos selecionados. Orientam o estudo princípios teóricos da Geolinguística Pluridimensional e da Lexicologia.
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