Em 1887 é publicado um programa para os exames gerais de preparatórios em todo império, e, como menciona Julio Ribeiro (2007[1887]) em suas Procellarias, o primeiro tópico do texto dizia que “O programa de Portuguez precederá a qualquer outro”. Neste exame de português constam quarenta e seis itens que os alunos deveriam ter ciência para a prova oral. Para que os alunos obtivessem essas informações para o exame, foram publicadas quatro gramáticas nesse mesmo ano, a saber: “Grammatica analytica baseada nas doutrinas modernas satisfazendo às condições do actual programma.” de Maximino Maciel, “Noções de grammatica portugueza de accordo com o programma official para os exames geraes de preparatorios do corrente anno”, de Pacheco e Lameira, “Grammatica Portugueza”, de João Ribeiro, e “Grammatica Portugueza”, de Alfredo Gomes. Neste trabalho analisamos as duas primeiras gramáticas comparando-as entre si e com o programa de português, o qual foi escrito por Fausto Barreto. Nossa metodologia é aquela proposta por Swiggers (2004:143-4), de que no todo do conhecimento linguístico pode-se distinguir quatro dimensões ou capas, a saber: capa teórica (visão global da linguagem e a concepção do estatuto dos estudos da linguagem), capa técnica (os mecanismos de análise e os métodos de apresentação dos dados), capa documental (a documentação linguística e filológica [número de línguas, tipos de fontes e de dados etc.] sobre a qual se constrói o estudo) e capa contextual (contexto cultural e à contextura institucional da reflexão e das práticas linguísticas). Nossos resultados demonstram que, embora essas gramáticas sigam tendências similares, desde o programa até a própria corrente teórica positiva que seguem, há particulares que devem ser ressaltadas. Dessa maneira, pretendemos contribuir para um maior conhecimento do clima de opinião do mainstream da gramática de português brasileira no último quartel do século XIX, no que há nele de comum e de diverso.
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