FORMAÇÃO CONTINUADA: POSSIBILIDADES DE RESSIGNIFICAÇÃO DE SABERES E FAZERES PEDAGÓGICOS DE SUJEITOS-PROFESSORES
FILOMENA ELAINE PAIVA ASSOLINI ¹, FERNANDA CHUFFI ¹
1. FFCLRP-USP - Faculdade de Filosofia, CIências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
elainefdoc@ffclrp.usp.br

Apresentamos resultados parciais de pesquisa, em andamento, por meio da qual investigamos se e como experiências de formação continuada de sujeitos-professores do ensino fundamental repercutem em seus saberes e fazeres pedagógicos. Buscamos compreender, mais especificamente, se as práticas pedagógicas com a leitura e a escrita na sala de aula são afetadas, revistas ou ressignificadas, a partir dessas experiências. O aparato teórico que sustenta essa investigação é constituído pelas contribuições da Análise de Discurso de matriz francesa (pecheuxtiana), das Ciências da Educação e de alguns fios da Psicanálise freudo-lacaniana, teorias às quais nos filiamos. O corpus é formado por depoimentos escritos de sujeitos-professores a respeito de suas experiências em formação continuada, bem como por conceitos sobre o que entendem a respeito dessa formação e, ainda, por depoimentos escritos sobre suas práticas escolares, com a leitura e a escrita em sala de aula. A partir desse “amplo espaço discursivo” (Maingueneau), selecionamos alguns recortes para análise. Os gestos de interpretação que empreendemos permitem-nos considerar que: 1º) muitos (cerca de vinte e dois) sujeitos-professores imaginam que as vivências de formação continuada poderão lhe ajudar, de imediato, na resolução de questões relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita; 2º) circulam diferentes conceitos sobre formação continuada, nas vozes dos sujeitos-professores, que não identificam os fundamentos e redes de sentidos aos quais tais se conceitos estão filiados; 3º) quando realizadas em condições favoráveis de produção, ou seja, em situações nas quais o sujeito-professor pode “falar de si”, as experiências contribuem para com a análise, a investigação e a ressignificação de práticas pedagógicas; 4º) experiências não processuais com a formação continuada não afetam o sujeito-professor, mantendo-o inserido em formações discursivas que não lhe fazem sentido algum. Os processos de formação continuada devem implicar o sujeito-professor, considerando sua memória discursiva e possibilidades de (se)dizer.