Recentemente, uma série de manifestações de rua como a Primavera Árabe (final de 2010), o movimento dos Indignados na Espanha (2011) e as ondas de protestos ocorridos no Brasil (primeiro semestre de 2013) têm desafiado teóricos de diferentes áreas na busca de compreender as motivações e o funcionamento dessa nova maneira de fazer política. Avolumando o grupo de pesquisadores interessados nessa temática, nosso objetivo com este trabalho é mostrar alguns aspectos discursivos de movimentos políticos que têm na rede um grande aliado para a sua ação e propagação. Para isso, analisam-se o site e a página do facebook do Movimento do Passe Livre, movimento social autônomo considerado um dos impulsores das passeatas brasileiras de 2013. Como embasamento teórico, utiliza-se a semiótica francesa, principalmente os desdobramentos de Landowski sobre as interações e elementos da perspectiva tensiva a respeito da percepção. De modo complementar, incorporam-se as reflexões do sociólogo Manuel Castells. Para o teórico espanhol, muitas características dos movimentos políticos atuais reproduzem o modo de comunicação na rede, dentre as quais destacam-se: a forma de conexão e comunicação, ocupação de espaços públicos, ausência de lideranças e temas ao mesmo tempo local e global. Assim, este trabalho busca, em uma junção entre as novas tendências teóricas da semiótica e os desafios de compreender a nova política, investigar se existem traços discursivos específicos relacionados a comunicação descentralizada, temáticas globalizadas, ausência de lideranças e diferentes percepções do tempo e espaço, e como eles podem ser depreendidos por elementos da persuasão narrativa e das categorias enunciativas. Os resultados prévios indicam que a semiótica francesa possui um grande potencial para a análise de discursos da cibercultura, trazendo contribuições para a maior compreensão do funcionamento e das identidades políticas dos discursos estudados.
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