A fim de compreender os modos de atuação das expressões linguísticas modalizadoras deônticas na construção do texto-discurso argumentativo, empreendemos pesquisa, em âmbito de Doutorado (2011), no Programa de Pós-Graduação da UFC, na qual propusemos interlocução entre dois arcabouços teórico-metodológico: a Nova Retórica (PERELMAN; TYTECA [1958] 1996) e a Linguística de base funcional (VERSTRAETE, 2004; HENGEVELD; MACKENZIE, 2008). Como recorte de nossa investigação, que se insere na agenda programática de pesquisas do GEF (Grupo de Estudo em Funcionalismo) da Universidade Federal do Ceará, aqui ilustramos como as sentenças deônticas constituem os esquemas de argumentos descritos por Perelman e Tyteca. Entendemos que as obrigações, permissões e proibições no eixo conceptual da conduta instauradas pelas expressões modalizadoras deônticas são expedientes linguísticos de construção da persuasão – no sentido de conduzir o auditório a querer realizar uma determinada ação ou a evitar que algo especificado pelo orador se produza – à medida que o auditório reconhece/aceita a linha de raciocínio instaurada pela técnica arregimentada no texto-discurso. Nesta investigação, trabalhamos com vinte e nove registros taquigráficos de proferimentos de Deputados Federais em sessões plenárias na Câmara dos Deputados. Todos os proferimentos versam sobre a necessidade de uma política de segurança nacional capaz de frear a escalada da violência no Brasil. O fato de todos os discursos versarem sobre a mesma temática, viabilizou a investigação das expressões linguísticas modalizadoras deônticas a serviço da defesa de diferentes pontos de vista sobre um mesmo referente discursivo. Constatamos, nos discursos cujo posicionamento é contrário à redução da maioridade penal como medida de contenção da violência, que as expressões linguísticas modalizadoras deônticas alicerçam-se nas seguintes técnicas: recurso à apresentação de incompatibilidades (argumento quase-lógico), evocação ao antimodelo, recurso ao exemplo (argumentos que fundam a estrutura do real) e à distinção entre aparência versus realidade (argumento caracterizado pela dissociação de noções).
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