A DIMENSÃO DEONTOLÓGICA DA ESCRITA ACADÊMICA: RELAÇÕES ENTRE GÊNERO, LETRAMENTO E COMANDOS DE PRODUÇÃO ESCRITA
ADAIR VIEIRA GONÇALVES ³, ARNALDO REBELLO CAMARGO JÚNIOR ^1,2
1. USP - Universidade de São Paulo, 2. UNIFIEO - Centro Universitário FIEO, 3. FACALE/UFGD - UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
arnaldoc@usp.br

Neste estudo propomos a investigação da escrita acadêmica, tomando como material de análise os relatórios de estágio supervisionado de uma licenciatura dupla, produzidos em uma Universidade Pública Federal do Centro-Oeste. Por meio da análise da escrita destes relatórios, investigamos de que forma os indícios encontrados revelam o modo como a deontologia da escrita acadêmica é construída a cada etapa do ensino que envolve diferentes atividades de escrita e produção de gêneros que, potencialmente, abre a possibilidade de ampliar o letramento acadêmico. Defendemos que a ampliação do letramento não se dá apenas com a exposição dos estudantes a diferentes atividades de escrita, mas sim por meio da intervenção de comandos de produção do educador que sejam construídos por meio da deontologia da escrita acadêmica, conforme proposto em Camargo Júnior & Gonçalves (no prelo). Assim, por meio da descrição dos relatórios e da análise dos indícios que estas produções escritas apresentam, pretendemos comprovar nossas hipóteses de que: i) O letramento acadêmico é condição sine qua non para a construção da deontologia, na perspectiva da produção escrita de gêneros; ii) A deontologia da produção escrita não se dá por meio do estabelecimento de regras e normas, mas deve ocorrer como processo, em que se verifique as propriedades dialógicas que a deontologia constrói na escrita; iii) considerando o professor-formador um agente de letramento (cf. Kleiman 2006) que faz a mediação instituição-aluno, aliado à perspectiva do letramento acadêmico proposto em Lea & Street (2006), observamos a importância de o professor levar ao aluno comandos de produção deontológicos nas atividades de escrita acadêmica empreendidas.