Este trabalho discute as formas verbais sincréticas do inglês e do português Brasileiro, tratando tal fenômeno como ilustrativo das relações que se estabelecem entre a Morfologia e a Sintaxe. Trata-se de pesquisa de natureza exploratória, que procura apresentar um pouco do que se tem disponível na literatura sobre tal interface e, em particular, sobre o fenômeno do sincretismo. De modo particular, discutirei as maneiras como se analisam as formas verbais sincréticas das duas línguas em foco, bem como a suposta violação que promovem ao alinhamento entre as estruturas morfológicas e as estruturas sintáticas. O que se pretende com este trabalho é apresentar, pelo viés da discussão sobre o fenômeno do sincretismo, uma parte do debate teórico que envolve a configuração das gramáticas das línguas naturais. A questão central desse debate recai sobre a existência, ou não, de componentes gerativos independentes para a formação de palavras, por um lado, e de sentenças, por outro, na arquitetura das gramáticas dessas línguas. Para tanto, discuto os trabalhos de Williams (1994) e Bobaljik (2001). O primeiro deles trata do fenômeno do sincretismo, argumentando em favor de dois componentes gerativos na gramática, enquanto o segundo salienta que um único componente é capaz de dar conta desse e de outros fenômenos envolvendo processos de formação de palavras nas línguas naturais. O que vem em seguida é uma discussão sobre os dados do português brasileiro, baseada em Bassani & Lunguinho (2011) que corrobora o segundo ponto de vista mencionado acima.
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