DEFINIDOS FRACOS, DEFINIDOS EXPLETIVOS E NOMINAIS NUS EM LÍNGUAS ROMÂNICAS
SONIA MARIA LAZZARINI CYRINO ¹, MARIA TERESA ESPINAL ²
1. UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, 2. UAB - Universitat Autonoma de Barcelona
sonia.cyrino@gmail.com

Neste trabalho, assumimos que se uma língua tem determinantes, ela também tem determinantes nulos (Ghomeshi et al. 2009); se uma língua tem determinantes expletivos e fracos, ela tem obrigatoriamente determinantes. Propomos que determinantes nulos podem ser fortes ou fracos/expletivos. Comparando o português brasileiro (PB), o catalão (Cat) e o espanhol (Esp) e apoiando-nos na literatura sobre o assunto (Carlson & Sussman 2005, Vergnaud & Zubizarretta 1992, Cyrino & Espinal 2013, entre outros), distinguimos entre definidos fracos (DF), definidos expletivos (DE) e complementos de preposições (Compl-P). DFs e DEs sempre são DPs em PB, Cat e Esp – DFs denotam espécies de eventos (Schwartz 2013) e DEs denotam uma função HAVE-relacional entre um argumento possuidor e um possuído (V&Z 1992). Compl-Ps comportam-se diferentemente em PB e Cat/Esp. Em PB, temos uma interpretação de DF quando o Compl-P é um DP contendo um D aberto, mas temos uma leitura indefinida quando ele contém um D nulo. Se não houver alternância, temos um significado incorporado para o nome nu (Espinal 2010, Espinal & Mateu 2011). Em Cat/Esp, contudo, Compl-Ps são ou NPs semanticamente incorporados ao predicado, ou DPs fracos. Ambos denotam espécies de eventos no nível do VP. Argumentaremos que: (i) tipos não devem ser identificados com espécies; (ii) DFs transferem a unicidade codificada pelo artigo definido ao VP mais próximo, e assim denotam espécies de eventos; (iii) determinantes expletivos introduzem uma relação R_HAVE entre duas expressões nominais (Le Bruyn et al. 2013); (iv) compl-Ps desencadeiam um operador existencial sobre entidades individuais, um operador iota sobre eventos, ou uma operação de incorporação semântica. A pressuposição de não-unicidade dos DFs e DEs está ligada a diferentes operações: em DFs, o significado do operador iota é transferido para o nível VP; em DEs, ela depende de uma R_HAVE sobre a variável ligada.