Foi apenas recentemente, com o final da Ditadura Militar e a Redemocratização, em 1985, que os jornais paulistas de maior circulação passaram a assumir, como premissas para suas linhas editorias, a busca por um “jornalismo crítico”, “apartidário” e “pluralista”. Isso porque, muito antes do engajamento com a luta pelas eleições diretas, tais veículos estiveram fortemente aliados a determinados partidos políticos. No entanto, apesar do discurso consensual a propósito da necessidade de uma cobertura imparcial dos fatos, partimos do princípio de que essa tarefa esbarra nas próprias condições de produção do texto. De acordo com a vertente teórica que fundamenta esta pesquisa, propriamente a Análise Crítica do Discurso, os sentidos não são dados a priori, mas construídos por indivíduos ou grupos que, enquanto sujeitos sócio-históricos, elaboram e interagem com textos produzidos a partir de contingências atreladas a estruturas e processos sociais, os quais tomam parte. Partindo de um quadro assim configurado assumimos como objetivo, nesta comunicação, apresentar os resultados de um estudo que se propõe a investigar, analisar e descrever as estruturas responsáveis pelo estabelecimento das relações interpessoais e as intersecções destas com a persuasão no noticiário de jornais paulistas sobre as eleições, observando, nesse contexto, a manifestação de ideologias e a busca pelo estabelecimento de determinados consensos hegemônicos. Para esta comunicação selecionaremos o noticiário publicado no decorrer da Nova República (1985 em diante), escrito sob o prisma da imparcialidade. Os resultados vêm indicando, em primeiro lugar, uma correlação estreita entre determinados recursos interpessoais e o emprego de certas estratégias argumentativas. Paralelamente, no plano subjetivo da argumentação, tem sido observada a representação positiva de determinadas candidaturas em contraposição à representação negativa de outras,o que é operado mediante a elaboração de determinados ethos para cada candidato, consolidado, ao longo de cada período eleitoral, de acordo com os objetivos de cada jornal.
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