Este trabalho apresenta reflexões de nossa pesquisa sobre os sentidos acerca de sexualidade nas histórias em quadrinhos da Turma da Mônica Jovem, de Maurício de Souza, em que os personagens da turma, agora adolescentes, vivem aventuras, romances, cenas de ciúmes, de paquera na praia, trocam beijos, falam sobre namoro, cuidados com o corpo e constroem representações sobre o que é ser garota e ser garoto. A HQ tem se desdobrado em novos produtos, como a revista Chico Bento Moço, dois livros dedicados à educação sexual de adolescentes – Coisas que os garotos devem saber e Coisas que as garotas devem saber – e tem também procurado investir em recursos de linguagem valorizados pelos leitores, tais como elementos do estilo mangá, inclusive com a publicação de um número crossover em 2012, no qual os personagens da turma se unem aos lendários personagens Astro Boy e Princesa Safiri, de Osamu Tezuka, um dos maiores expoentes do mangá no Japão, para uma aventura em defesa da Floresta Amazônica. Foi a primeira vez que o estúdio de Tezuka, morto na década de 1980, admitiu a utilização de seus personagens por um quadrinista estrangeiro. O corpus da pesquisa reúne variadas tipologias textuais e gêneros discursivos, de textos oriundos não só de exemplares da HQ, mas também do site oficial da Turma da Mônica Jovem, do perfil “Revista da Turma da Mônica Jovem” no facebook, de comentários dos leitores das revistas nesses dois suportes digitais, e ainda matérias de jornais e revistas impressos e online. A partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, sobretudo com base nos conceitos de ethos, cenografia e comunidades discursivas (MAINGUENEAU, 1984/2008; 2008; 2010), buscaremos verificar no corpus o funcionamento de estereótipos sobre masculinidade e feminilidade na sociedade brasileira contemporânea.
Palavras-chave: História em quadrinhos; sexualidade; estereótipos; ethos; cenografia.
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