Nas últimas décadas, a abordagem dos gêneros textuais no ensino de Língua Portuguesa, respalda-se nas teorias discursivas de linguagem. O gênero é tomado como objeto no processo de ensino-aprendizagem por favorecer, segundo estudos na área, o desenvolvimento comunicativo do educando. A noção discursiva de gênero é também defendida pelos documentos oficiais de educação no Brasil como, os PCN, que, por sua vez, orienta a escolha do material didático das escolas públicas brasileiras através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Entretanto, as aulas de português que prezam por um ensino puramente metalinguístico, não priorizam o uso eficaz da linguagem e nem os diversos gêneros os quais possuem uma multiplicidade de linguagens, tendo como exemplo, a charge que possui uma linguagem mista (verbal e não verbal). Por isso, a diversidade de gêneros e a abordagem oferecida a estes são constantemente tomadas enquanto objeto de análise, e, neste estudo, especificamente, o gênero textual charge, exemplar muito presente no livro didático de língua portuguesa (LDP). Para isso, optamos por analisá-lo no livro didático Português: Linguagens de Cereja & Magalhães (2009), pois, este material escolar tem grande destaque nas aulas e, há alguns anos, é aprovado pelo PNLD, portanto, cumpre às novas exigências do ensino. Contudo, trata-se de uma pesquisa de base qualitativa e que tem como embasamento teórico a noção de gênero discursivo de Bakhtin (2000), as contribuições de Marcuschi (2007), Bezerra (2007), e também os trabalhos sobre o gênero charge de Flôres (2002), Maringoni (1996), Lessa (2007), Mouco (2007), entre outros. Constatamos, por fim, que a participação da charge nos LDP possibilitou atividades que desenvolvem a competência comunicativa do aluno, no entanto, o gênero charge foi pouco abordado no LDP, pois apenas uma atividade explorou as suas características sociocomunicativas.
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