DISCURSO E CONTEMPORANEIDADE: EFEITOS DE SENTIDO NOS TEMPOS DA CIBERCULTURA Reunimos pesquisas que compreendem, sob a luz do arcabouço teórico-metodológico da Análise do Discurso pecheutiana, a constituição do sujeito interpelado pela ideologia a partir das condições de produção da contemporaneidade. A partir do exposto, os trabalhos desta sessão mobilizam as contribuições da AD que auxiliam a interpretação de sequências discursivas de diversas materialidades, mobilizando conceitos como discurso eletrônico, o imaginário da cibercultura inscrito no discurso artístico não-verbal do cinema e as movências no espaço urbano. Resumo #1FILTROS NA REDE: CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCURSO ELETRÔNICO Com base na Análise do Discurso (AD) de linha francesa, objetivamos refletir sobre o funcionamento da linguagem na contemporaneidade. É fato que as chamadas TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação) ocupam um espaço considerável na vida diária e algumas das implicações disso são bem debatidas no que tange a educação, a sociedade, etc. Neste trabalho, a proposta é pensar as implicações discursivas dessa grande inserção das TIC’s. Para tanto, é feito um recorte do funcionamento dos recursos de personalização de conteúdos na pesquisa Google. Tais recursos funcionam como um filtro de informações relevantes para cada usuário que, para funcionar, utilizam: identificação do endereço IP (internet protocol); coleta de informações através da instalação de cookies, de login, etc.; acesso ao histórico de navegação; análise dos padrões de utilização de pessoas que acessam o Google diariamente; dentre outras. Pensar em implicações discursivas significa pensar o funcionamento da linguagem perpassado pela história e pela ideologia, o que aponta para alguns conceitos-chaves da teoria em questão, tais como: materialidade, condições de produção, memória e silêncio. Apoio: Fapesp nº 2012/22303-2. Resumo #2TESSITURAS E TECEDURAS SOBRE O AMOR E CIBERCULTURA DISCURSIVIZADAS NO DOCUMENTÁRIO “CATFISH” A partir do referencial teórico da Análise do Discurso (AD) de matriz francesa, sobretudo o trabalho de Michel Pêcheux, este trabalho propõe investigar o imaginário sobre as relações amorosas vivenciadas pelo sujeito na contemporaneidade, marcada pela forte presença da cibercultura, tais como retratadas no discurso artístico evidenciado no cinema. Um dos longas-metragens estudados em nossa pesquisa é o documentário Catfish (2010) de Henry Joost e Ariel Schulman, premiado no festival de Sundance. Temos como arcabouço teórico e metodológico a Análise do Discurso de filiação francesa, sobretudo nos postulados teorizados por Michel Pêcheux e os autores que compartilha(va)m, com ele, a preocupação em observar o discurso como processo imbricado numa rede de múltiplas significações possíveis, ao invés de se limitar a perceber o sentido como um produto pronto e acabado a ser extraído pelos leitores. Cabe reiterar que para analisar recortes das tessituras (inclusive audiovisuais) e teceduras de Catfish que instalam sentidos a partir das condições de produção da cibercultura, mobilizamos conceitos da AD sobre o processo discursivo não-verbal, além do suporte de autores da sociologia (tais como Bauman e Lèvy) para compreender como o sujeito discursiviza(-se) na era do amor virtual. É nesse terreno movediço de constituição dos sentidos e do sujeito, dos afetos e das solidões, que nossa pesquisa entende que pode contribuir, trazendo à tona contribuições dos estudiosos da cibercultura e dessa modernidade líquida na qual a contemporaneidade se inscreve não apenas nos sentidos que circulam sobre amor no interdiscurso que se evidencia em Catfish, mas também na própria forma de fazer falar sobre cinema a partir do discurso cinematográfico e do gênero “documentário”, cujas tessituras e teceduras são, ao mesmo tempo, ressignificadas pelo contexto da cibercultura. Apoio: Fapesp nº 2013/14759-9. Resumo #3O DISCURSO NO URBANO: A CIDADE E SUAS INSCRIÇÕES RESUMO: Ao escopo da Análise do Discurso (AD) de matriz francesa de filiação de Michel Pêcheux, que tem como fundação a relação entre língua-sujeito-história - a linguagem se constitui por meio da expressão histórica da realidade social, que se materializa por forças ideológicas. Para a AD, o sujeito não é o centro do discurso, mas é interpelado pela ideologia e pelo inconsciente, e é entre as dimensões do inconsciente e da enunciação que ele se constitui, nesse lugar de interação que encontramos a dimensão ideológica, e a identidade de cada sujeito encontra-se entre o passado-presente-futuro. Como corpus de análises, elegemos as inscrições presentes no espaço urbano para compor as análises presentes nessa pesquisa. Como as inscrições urbanas, que são encontradas principalmente nas grandes metrópoles de todo o mundo, são produtoras de sentidos e significações dentro desses espaços tidos como livres. Em muitos casos, um movimento de ruptura e quebra hegemônica acontece quando há uma identificação social, um compartilhamento dos significados de tais intervenções a sociedade passa a se identificar com esses projetos de caráter artístico, urbanístico e arquitetônico, que nem sempre pertencem a ordem e planejamento urbano, e são nas relações dessas materialidades que podemos compreender os seus sentidos. Essas manifestações transformam e constituem o sujeito contemporâneo, que por meio de pincéis e tintas decompõem as configurações da ordem do tradicionais desse espaço comum, alterando a configuração e a construção de sentidos de/pelas cidades. Essa narratividade urbana presente nas cidades é que estabelece seu corpo significativo, suas materialidades. Apresentamos as inscrições urbanas como uma forma de materialidade discursiva, nesse contexto, por meio dessas construções é que observamos as movencias e seus sentidos. Apoio: Fapesp nº 2013/00963-3. | |
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