O presente trabalho irá discorrer sobre as relações entre pragmática e retórica, a fim de demonstrar que a abordagem de temas complexos, com linguagem e emoções, pode ser feita através da construção de interfaces internas e externas. Tradicionalmente, os estudos linguísticos envolvem as áreas de fonologia, morfologia, semântica, sintaxe, pragmática, em que se assumem fundamentos baseados na racionalidade, ou seja, por fins metodológicos, não são abordados aspectos que atrapalham o raciocínio, como coloca Descartes. Dentro de uma perspectiva interdisciplinar – de acordo com a Metateoria das Interfaces (Campos, 2007) –, assumem-se as ideias trazidas pela neurociência (Gazzaniga et al, 2002; LeDoux, 1996, Damasio, 1994) de que as emoções podem ser inferidas através da prosódia emocional e da parte gestual. Para que seja possível explicar o fenômeno, no entanto, faz-se necessário estabelecer uma nova perspectiva que seja capaz de abarcá-lo – no caso, constrói-se uma subárea para a Pragmática: a Retórica. Entendida como o estudo entre as relações da forma e do conteúdo (Costa, 2013), a Retórica constitui um novo olhar para as áreas de linguagem, mas difere-se do conceito clássico estabelecido por Aristóteles. Assume-se, assim, uma Pragmática inferencialista, baseada em Grice (1989), em Sperbwe&Wilson (1995/2012) e em Costa (2013). É necessário observar que o trabalho desenvolvido por Wharton (2009), Wilson&Wharton (2006) e House (2006) são relevantes para a pesquisa, pois os autores introduzem os aspectos emocionais para a Teoria da Relevância. Entretanto, parece ser necessário ir além e assumir uma pesquisa interdisciplinar como forma deexplicitar a importância de uma construção teórica para a abordagem de fenômenos complexos.
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