As disputas judiciais constituem um espaço privilegiado para a argumentação, uma vez que nelas encontram-se dois pontos de vista antagônicos versando sobre o mesmo fato; de fato, nos processos civis, cabe aos profissionais representantes de cada uma das partes exporem os fatos de maneira a convencer o juiz de que o ponto de vista de seu cliente a respeito do fato litigado é o que deve prevalecer. Nossos estudos têm se voltado para as estratégias linguísticas utilizadas na prática dos operadores do direito para, de um lado, apoiar o próprio discurso, e, de outro, refutar o discurso da parte contrária, observando os efeitos de sentido, marcando tanto a aproximação relativamente o próprio discurso como o distanciamento ao conteúdo do discurso da parte contrária, caso no qual a negação ocupa lugar de destaque. Neste estudo, apresentamos um estudo do emprego da negação (negação implícita, negação explícita, negação intensificada) observando como essa estratégia linguística se enquadra no discurso dos profissionais que atuam na área jurídica. O quadro teórico que dá suporte às análises insere-se na linha teórica da Semântica Argumentativa (Ducrot,1980; 1981; 1984) em confluência com os teóricos dedicados aos estudos da Linguística da Enunciação (Benveniste, 1966,1997; 1974, 1997; Kerbrat-Orecchioni, 1986; 1998,1997) e dos Estudos Gramaticais (Neves, 200; Raposo et al, 2013) . Como metodologia de análise, procedemos ao levantamento das marcas linguísticas, neste caso, as formas negativas, observando os efeitos de sentido para as práticas discursivas dos operadores do Direito.
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