Muitas vezes para entender um enunciado, uma ilocução, temos que recorrer a conhecimentos que estão além da sintaxe, morfologia ou semântica. Podemos ter enunciados distintos, sem alterarmos palavras, somente mudando o tom em que as proferimos. Essa mudança já é problemática quando falamos de nossa língua materna. Se passarmos a uma língua estrangeira, falada em diversos países, como o espanhol, nosso problema aumenta um pouco mais. A maneira de falar muitas vezes causa problemas para interagentes em uma língua estrangeira, pois o “como” falar pode divergir de língua para língua ou de variedade para variedade. O ramo da linguística que vai estudar esse “como falar” é a prosódia, já os diferentes significados de uma mesma curva entoacional será estudado pela pragmática. O objetivo deste trabalho é investigar como a entonação de enunciados interrogativos totais e parciais interfere na compreensão, por aprendizes de espanhol como língua estrangeira, dos atos de fala e na construção da imagem social do professor. Nosso corpus é composto por enunciados (interrogativas totais e parciais) produzidos espontaneamente em língua espanhola, por espanhóis e brasileiros em contexto de sala de aula. Para análise dos dados partiremos dos trabalhos de Navarro Tomás (1944), Brown e Levinson (1978), Searle(1990), Hualde (2003), Sosa (1999 e 2003), Kerbrat-Orecchioni (2005), Mey (2001), Moraes (2007; 2012) Pierrehumbert (1980), Ladd (2003), entre outros. Nas análises iniciais identificamos três padrões para os enunciados interrogativos totais no espanhol falado por uma brasileira: (i) com inflexão final ascendente; (ii) com padrão descendente e (iii) com padrão que chamamos circunflexo. Dando continuidade ao trabalho de investigação, pretendemos ampliar a pesquisa descrevendo e analisando os padrões de outros informantes e aplicando testes de percepção para verificar como eles são entendidos e qual é o impacto na construção da imagem do professor.
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