S3. Análise do Discurso (Comunicações)

HEIDEGGER E(M) FOUCAULT
ATILIO BUTTURI JUNIOR 1
1. UFFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
a_butri@yahoo.com.br



O trabalho tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre a relação existente entre os textos do filósofo alemão Martin Heidegger e os textos de Michel Foucault, a partir da retomadas e da critica que o segundo realiza da chamada "destruição da metafísica" proposta por Heidegger no parágrafo sexto de Ser e Tempo.A hipótese é de que há uma relação fundamental entre a filosofia da Heidegger e a dita "tradição francesa" pós-estruturalista na segunda metade do século XX. Metodologicamente, parte-se da arqueogenealogia foucauldiana para percorrer o itinerário de alguns dos conceitos-chave da filosofia heideggeriana, quais sejam, a "diferença metafísica", o "cuidado" (Sorge) e os "princípios epocais", relacionando-os, respectivamente: com o discurso foucauldiano sobre as ciência humanas; com as discussões do chamado último Foucault sobre a epiméleia heautoû dos antigos; e, finalmente, com a problematização das condições de produção dos discursos, recoberta por conceitos arqueológicos como episteme, arquivo e formação discursiva. Os debates apontam que Foucault propõe uma leitura negativa da metafísica e uma negação das categorias ontológicas de Heidegger por seu caráter de “promessa” de presentificação do ser do ente. Não obstante a acuidade com que se elabora o imanentismo em suas teorizações – muitas vezes recorrendo à importância de Nietzsche –, o problema axial da arqueogenealogia foucauldiana, relativo a uma metafísica positiva como abertura ao impensado e ao não objetivável, permanece fulgurante.


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